
Passei uma boa parte da minha vida buscando estabilidade financeira, acreditava que a alcançaria através de um bom emprego ou passando em um concurso público. Com o tempo, descobri que tanto um como o outro, me fariam trabalhar a maior parte da minha vida em troca de um salário no final do mês, e me aposentaria com a idade já avançada e recursos limitados, restando pouco tempo para desfrutar do maior tesouro que temos: A VIDA.
Comecei a trabalhar aos 13 anos de idade junto com meu pai em um negócio de prestação de serviço em beneficiamento de café, uma cultura bem comum e muito importante para economia na nossa região. O serviço era pesado e cansativo, sem contar o estresse de lidar com os clientes na época que atingia o pico da safra. Em certos momentos, pouco serviço e tempo ocioso, em outros, excesso de serviço e falta de tempo até pra dormir, era uma loucura. Decidi que não queria ficar por muito tempo nessa atividade, pois, além de ser um serviço sofrido não havia muita garantia de retorno financeiro, alternando entre anos produtivos e rentáveis e anos com dificuldades para manter o negócio funcionando.
Passei 11 anos trabalhando como funcionário pro meu pai, ganhei pouco dinheiro e tinha certeza que não queria ficar por muito mais tempo nessa área. Mas, por conta do conhecimento adquirido resolvi montar meu próprio negócio na área, pela experiência que tinha acreditava que poderia ganhar dinheiro suficiente para honrar meus compromissos, agora já pai de família e conseguir realizar um sonho de cursar agronomia e arrumar um emprego na área. Pensava: com um bom emprego, alcançarei estabilidade financeira. Será?!
Bem, para encurtar o assunto, montei o negócio com dinheiro emprestado por um amigo do meu pai, pois o dinheiro que ganhava como funcionário mal dava para sobreviver com dignidade, era só aperto e aflição no final do mês. Não tinha o dinheiro pra começar, mas tinha conhecimento e muita vontade e energia para trabalhar, corria atrás de clientes, levantava de madrugada e trabalhava até a noite, inclusive nos finais de semana e feriados. Às vezes ficava frustrado em ver amigos passeando e eu me matando de trabalhar, só uma coisa me consolava: a esperança de um futuro com mais tranquilidade financeira. O resultado foi que, em um ano trabalhando pra mim ganhei o que havia ganhado em 11 anos trabalhando pro meu pai. Fiquei entusiasmado. Fazia o seguinte cálculo: em 10 anos consigo ganhar o dinheiro que gastaria 110 anos trabalhando como funcionário. Dizia: vou enriquecer com esse negócio!
De fato, consegui realizar muitos desejos e construir um patrimônio considerável para quem mal tinha dinheiro para pagar as contas no final do mês. Construí casas, cursei agronomia, comprei carros e viajei bastante com minha família. Também comprei terras, plantei lavouras de café e com isso pude ampliar e diversificar minhas fontes de renda. Contudo, isso me custou muito trabalho duro e dedicação exclusiva ao serviço na época da safra, sem contar acidentes e muitos riscos durante uma jornada que durou 27 anos, desde que comecei aos 13 com meu pai.
Quando olho para trás mal consigo acreditar que passei por tanta coisa e sai quase ileso, pois, alguns dos acidentes deixaram marcas que me acompanharão pro resto da minha existência. Porém, também há muitas coisas boas pra lembrar, excelentes amizades e muito aprendizado que levo sempre comigo.
Quando estava cursando a faculdade, conversava com colegas que já trabalhavam na área, e dizia que minha expectativa era grande em terminar o curso e arranjar um emprego que pudesse ganhar bem e trabalhar com tranquilidade e segurança. Mas logo percebi que alguns deles viviam estressados e reclamando do salário que ganhavam, sem contar a pressão e as exigências que o emprego acarretava. Na época do estágio, sentia a mesma energia em alguns dos profissionais que estagiei: estresse, pressão e frustração com o salário. Bem, conclui o curso e logo consegui uma vaga de emprego, foram três meses de estresse, pressão e decepção com o salário, logo compreendi que não queria isso pra minha vida, além disso, com meu negócio, trabalhava menos, com menos estresse e ganhava 4 vezes mais.
Foi uma das maiores frustrações que senti, julgava ter perdido 5 anos e uma considerável soma em dinheiro, que poderia ter investido em coisas mais interessantes. Enfim, pelo menos havia conhecido muitas pessoas e um modo diferente de ver as coisas.
Dois anos depois de terminar a faculdade, buscando a tal estabilidade financeira, me deparei com termo que definia bem o que eu buscava, Independência ou Liberdade financeira, que significa conseguir uma fonte de renda passiva que cubra seus custos de vida sem que precise trabalhar, por exemplo: uma carteira de investimentos, imóveis alugados ou um negócio que nos traga renda sem exigir nossa presença integral para conduzi-lo. Comecei a buscar o conhecimento necessário por meio da leitura de livros sobre Educação Financeira, e descobri que a melhor maneira de multiplicar dinheiro é por meio de negócios (empreender) e investimentos, fazendo o dinheiro trabalhar por nós, e não o contrário. Só que para isso é preciso uma constante busca por conhecimento e desenvolver a virtude da paciência. Assim, compreendi que o maior multiplicador de recursos se chama tempo e ele cumpre bem sua função no longo prazo.
Certo dia, conversando com um amigo, ele me disse que havia sido dispensado do emprego e estava com dúvidas em tomar uma decisão, desejava deixar de trabalhar como funcionário e iniciar um negócio próprio, porém estava quase sem dinheiro e precisava arranjar logo uma fonte de renda. Compartilhei com ele minha história e lhe disse como eu havia começado na mesma situação, sem recurso financeiro, mas, tinha o conhecimento e muita vontade de fazer dar certo. Ele acabou aceitando uma vaga de emprego e decidiu adiar o sonho de empreender.
Depois de um tempo, voltamos a conversar sobre o assunto, ele se mostrou desapontado com a atual colocação e estava novamente indeciso: continuar no emprego, pois dependia dele para honrar seus compromissos ou arriscar em um negócio? Refletimos juntos e novamente chegamos a seguinte conclusão, que, para iniciar um negócio o conhecimento tem mais relevância que o dinheiro. Pois, como aconteceu comigo, o dinheiro pode ser emprestado ou podemos arrumar um sócio, se tivermos o conhecimento necessário para conduzir o negócio e multiplicar o dinheiro. Novamente optou por continuar no emprego e adiar o sonho, afinal, por conta do trabalho estava sem tempo e energia para adquirir conhecimento
Como arrumar tempo para fazer o que desejamos?

Umas das principais coisas que aprendemos com a educação financeira é que o melhor jeito de aumentar seus recursos financeiros é começando a poupar e investir uma parte de tudo aquilo que ganhamos, sendo o mínimo ideal 10%, um bom começo para criarmos a disciplina necessária. Com o tempo, tendemos a gostar da ideia de ver o dinheiro se multiplicando e passamos a nos esforçar cada vez mais, buscando novas fontes de renda e alternativas para continuar aumentando nossos depósitos e multiplicar os recursos, permitindo assim aumentar nosso patrimônio. Como já citamos anteriormente, o tempo é um bom companheiro para nos ajudar a alcançar nosso objetivo financeiro, desde que tenhamos paciência e disciplina para suportar o longo prazo.
Lembra daquele meu amigo que sonhava em ter o próprio negócio e estava sem dinheiro e sem tempo? Então, veja a conversa que tivemos sobre o assunto e como podemos aprender com isso.
Perguntei a ele:
“Faz quanto tempo que você está trabalhando em sua área de atuação?”
“10 anos” – ele respondeu.
Então eu continuei: “Imagine que você estivesse poupando e investindo 10% do seu salário desde que começou a trabalhar com isso, quanto teria hoje?”
De cara, ele respondeu: “No mínimo um ano do meu salário, sem contar os rendimentos.”
Pois bem, qual a lição que podemos aprender aqui? Se faz 10 anos que você está trabalhando e não consegue tirar um ano para refletir sobre qual caminho na vida está seguindo, sobre cumprir sua missão e viver por um propósito, é porque você negligenciou a área financeira. Se aprendermos um pouco que seja sobre educação financeira seremos capazes de compreender a importância de poupar e investir um décimo de nossos ganhos, então, em um década, que passará mais rápido do que pensamos, independente do que poupamos ou não, teremos mais de um ano do nosso salário que podemos usar como melhor nos convir.
Se estiver feliz com sua vida profissional, ótimo, siga em frente e continue poupando e investindo, se conseguir fazer isso durante um longo período de tempo, irá se aposentar com mais tranquilidade, liberdade e recursos do que a maioria da população. Porém, se estiver decepcionado, como quase 80% das pessoas, em relação a sua vida profissional, será o momento oportuno para tirar um ano da sua vida e entender o que realmente dá sentido à ela, buscar novos conhecimentos, desenvolver novas habilidades, mudar de rumo profissional, conhecer novas pessoas e cultivar relacionamentos que podem te colocar no caminho do seu propósito. Pense o seguinte, mesmo que tenha que voltar a fazer o que fazia antes, sua mentalidade nunca mais será a mesma, e com o conhecimento e o Networking adquirido, com certeza aumentará sua renda anterior, desde que use nosso amigo tempo com sabedoria, para aprimorar seus conhecimentos e habilidades.
Essa é a função da educação financeira, nos mostrar o caminho, para que em algum momento da vida, tenhamos a oportunidade de fazer o dinheiro trabalhar por nós e assim, podemos parar um pouco, refletir e desfrutar daquilo que realmente importa, o que dá sentido a nossa breve existência.
Como multiplicar o dinheiro?

Em 2011, me mudei da roça pra cidade e não tinha casa pra morar lá, aluguei uma casa e comecei mesmo sem dinheiro procurar um terreno pra comprar. Acabei encontrando um sobrinho, que desejava passar um terreno que havia financiado e precisava de um dinheiro pra quitar um caminhão, novamente consegui um empréstimo com minha mãe, fiquei com terreno e assumi as prestações, com esforço e muito trabalho construímos a casa, em 6 anos havia quitado o terreno. Gastamos em 3 anos 100 mil reais para terminar a casa, e o terreno quitado ficou por 35 mil, ou seja, total 135 mil. Moramos na casa, alugamos por um bom tempo, e em 2023 tivemos uma oferta de 500 mil, resolvemos não vender ainda, mas percebemos o quanto valorizou ao longo de 12 anos. Fizemos o mesmo com outros imóveis, principalmente terras para produzir café, e o resultado se mostrou ainda melhor.
Então, para alcançar a liberdade financeira, temos que aprender a poupar e multiplicar recursos, o dinheiro é apenas um deles, podemos investir em imóveis, em negócios e principalmente em conhecimento, que poderão ser vendidos no futuro com uma boa margem de lucros.
Depois da leitura de vários livros sobre educação financeira, investimentos e desenvolvimento pessoal, compreendi que se obtivermos o conhecimento necessário a liberdade financeira pode ser conquistada por qualquer pessoa que esteja disposta a fazer algum sacrifício por um certo tempo e criar a disciplina de poupar e investir uma pequena parte dos seu ganhos. Podendo ainda antecipá-la através do investimento em negócios e imóveis, como aconteceu comigo, porém, quanto mais aprimoramos nosso conhecimento, mais rápido e com menos trabalho ela baterá na nossa porta, daí e só abrir e desfrutar os resultados.
“A riqueza, como uma árvore, cresce a partir de uma simples semente. A primeira moeda de cobre que economizar será a semente a partir da qual sua árvore da riqueza crescerá. Quanto mais cedo plantá-la, mais cedo a árvore crescerá. E quanto mais fielmente alimentar e regar essa árvore com economias constantes, logo chegará o dia em que poderá abrigar-se em pleno contentamento embaixo de sua sombra.”
O Homem mais Rico da Babilônia – George S. Clason