Vem cá! Vou te contar uma história:
Um casal se mudou para uma nova casa em um bairro tranquilo. Na primeira manhã em sua nova morada, a mulher olhou através da janela e viu a vizinha pendurando os lençóis, e indignou-se:
“Que lençóis sujos a vizinha está pendurando no varal. Se eu tivesse intimidade, iria até lá ensiná-la como lavar!”
Assim se sucedeu todas as vezes que a vizinha estava pendurando seus lençóis.
Certo dia, ao olhar pela janela, ela exclamou:
“Olha! Os lençóis estão limpos hoje! Quem será que a ensinou a lavá-los?”
Então o marido a olhou e respondeu:
“Querida, hoje me levantei mais cedo e lavei a janela.”

E adivinha? Há milênios, o Mestre já nos ensinava essa lição. Em Mateus 7:3-5, Ele diz:
“Porque você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não percebe a viga que está no seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? Hipócrita! Tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.”
E o que isso tem a ver com a nossa vida?
A parábola do casal e dos lençóis sujos ilustra de forma vívida o ensinamento de Jesus: a tendência de julgarmos os outros sem perceber que o problema pode estar na forma como escolhemos ver as situações. Na história, a mulher criticava a vizinha por estender lençóis sujos, sem perceber que, na verdade, a sujeira estava na janela pela qual observava. Seu julgamento precipitado falava bem mais sobre ela do que sobre sua vizinha — nossas palavras/ações revelam nossos pensamentos e perspectivas.
O marido, ao limpar a janela, nos mostra uma ideia onde a mudança começa em nós, na maneira como ajustamos a nossa visão interna para enxergar a realidade de forma mais clara e “limpa”, livre das sujeiras do preconceito, irritação e arrogância; ele nos exorta a ver que o problema não está nos outros, mas na forma como escolhemos os observar. Assim como Jesus ensina na passagem bíblica, antes de apontarmos o “cisco” no olho do próximo, devemos remover a “trave” que nos impede de ver com clareza.
O que nos incomoda, na maioria das vezes, é um reflexo dos nossos próprios estados emocionais, e não necessariamente da realidade em si.
Essa reflexão nos convida a desenvolver a inteligência emocional e a humildade, reconhecendo que nossas reações e julgamentos são frutos das nossas próprias limitações, e nos incentivando a enxergar o mundo com mais verdade, humildade e compaixão.
Te convido a questionar: Será que o mundo inteiro está contra você? É preciso realmente viver cercado por um muro de irritabilidade, impedindo que as pessoas se aproximem? Desejamos que aqueles ao nosso redor se sintam intimidados e receosos em nossa companhia? O que há de tão precioso para proteger a ponto de agirmos como um dragão furioso (e alienado), defendendo ruínas e nos afastando dos outros? Será que o preço pago para esconder nossa fragilidade não é alto demais? O que pode ser mais valioso do que a nossa paz interior e a daqueles que amamos?
Vale a pena observar se essas atitudes não estão ligadas ao ego, à insegurança e ao medo.
Lavando a Janela

Quando nos tornamos abertos a “lavar” nosso coração, o tornando puro e transparente, passamos a enxergar o mundo com outros olhos. Assim como, quando estamos muito sujos e cansados, nos sentimos renovados e aliviados após um banho, também nos sentimos mais tranquilos e felizes quando nos perdoamos e nos permitimos ser mais leves, não apenas para nós, mas para todos ao nosso redor. Esse é o milagre da renovação.
“A lâmpada do corpo é o olho. Portanto, se o seu olho for bom, seu corpo inteiro ficará iluminado. Porém, se o seu olho for ruim, seu corpo inteiro ficará no escuro. E se a luz que existe em você é escuridão, quão grande será a escuridão mesma!”
– Mateus 6: 22
Ao acordar, experimente agradecer pela sua VIDA e pela de todos aqueles que você ama. Comprometa-se a lutar para ser uma pessoa melhor, em vez de lutar contra os outros. Dedique-se a ouvir mais, a admirar os pequenos detalhes extraordinários que nos rodeiam, a adotar a gentileza.
Deixe de elevar o tom ou agir de maneira agressiva, faça uma caminhada ou pare por alguns instantes e respire profundamente — honre seu maior dom: a VIDA.
Busque fazer as pazes consigo e, como diz Ryan Holiday em seu livro A Quietude é a Chave, se esforce para acolher e curar a sua criança interior.
Tente usar toda a sua força de ataque para construir um espírito forte e vigoroso, e não uma grande muralha que te isole e te afaste daquilo que é importante. Busque limpar a janela da alma e, assim, verá que o lençol do vizinho também está limpo.
Como consequência, observe seus níveis de estresse diminuírem drasticamente, enquanto seus níveis de satisfação e realização aumentam.
E se, em algum momento, não souber o que fazer, lembre-se da regra de ouro: faça aos outros aquilo que gostaria que eles fizessem à você.
“Dê mais. Dê o que você não recebeu. Ame mais.
Deixe a velha história de sempre para lá.”
– Garry Shandling