Inteligência Emocional na Atualidade

Desde o início da humanidade, as emoções são responsáveis por grande parte da nossa evolução. Se estamos vivos, devemos a elas a maioria das nossas capacidades de ação, já que isso nos permitiu não termos sido extintos ao longo da história. 

Daniel Goleman, em seu livro Inteligência Emocional, diz que “Como sabemos por experiência própria, quando se trata de moldar nossas decisões e ações, a emoção pesa tanto – e às vezes muito mais – quanto a razão”. Assim, nosso instinto de sobrevivência, ligado diretamente ao nosso medo de morrer, é, na verdade, um estímulo emocional que nos faz agir rapidamente, porém, inconscientemente. Isso nos permitiu uma lenta, mas importante evolução ao longo dos séculos. 

Assim, Goleman completa: “Embora nossas emoções tenham sido sábios guias no longo percurso evolucionário, as novas realidades com que a civilização tem se defrontado surgiram com uma rapidez impossível de ser acompanhada pela lenta marcha da evolução. Na verdade, as primeiras leis e proclamações sobre ética – o Código de Ham==urabi, os Dez mandamentos do Hebreus, os Éditos do Imperador Ashoka – podem ser interpretadas como tentativas de conter, subjugar e domesticar as emoções”.

Nossas Emoções na Era Digital

Ainda hoje, como era de se esperar, as emoções têm um grande impacto em nossas vidas, tanto positivo como negativo. Antigamente, apesar dos riscos de se viver nas florestas na busca por alimentos, era ela que nos abrigava e nos fornecia o que era preciso para sobreviver e, por essa razão, moldavam nossas atitudes. Por isso, o controle emocional sobre nossa capacidade de raciocínio era primordial para nos manter vivos. 

Na atualidade,o cenário mudou, trazendo consigo outros elementos, hábitos e maneiras muito diferentes de viver. E, dessa forma, a “floresta atual” nos traz inúmeras oportunidades, mas, em contrapartida, também nos intimida e molda profundamente a maneira como manifestamos e controlamos nossas emoções – em muitos casos, infelizmente, acarretando em mais danos que benefícios. 

Hoje, é inquestionável, vivemos com mais facilidade: o acesso à comida, ao abrigo, à saúde, à educação e à segurança fazem parte da vida da maior parte da população. Mas, mesmo assim, ainda somos dominados por nossos instintos desenvolvidos há milênios. Vivemos na Era da Tecnologia, da Transformação Digital, e, surpreendentemente, nunca foi tão necessário compreender e gerenciar nossas emoções como na atualidade. 

Escravidão Emocional e a Tecnologia

Será que nossas emoções estão seguras com a nova realidade? Corremos o risco de perder o controle sobre elas?

E a resposta é: ainda hoje, apesar da longa história da evolução, notoriamente, diversas vezes nos tornamos escravos das nossas emoções, bem como, frequentemente, a razão disso é a quantidade e qualidade das informações e hiperestímulos que recebemos constantemente.

Com a facilidade do acesso à Tecnologia Digital e Internet (principalmente através de um aparelho celular), podemos executar incontáveis atividades em nosso dia a dia, incluindo trabalhar, estudar, nos relacionar e até gerir negócios e investimentos – tarefas que antes só eram possíveis de maneira presencial. Tudo se tornou rápido e momentâneo, se enviamos uma mensagem, um vídeo ou compartilhamos algum conteúdo, em questão de segundos isso pode ser visualizado em praticamente todo o mundo, incluindo lugares muito distantes. O planeta Terra está interconectado e quase todos desfrutam da poderosa ferramenta que possibilitou tudo isso.

Graças à essa Era Digital que vivenciamos, nós desfrutamos de numerosas facilidades em nossas vidas. Fazemos compras no conforto e segurança de nossas casas, pedimos comida, interagimos com amigos e fazemos “amigos virtuais”; monitoramos nosso patrimônio, nosso sono, nossa conta bancária e outras infinidades de comodidades que desfrutamos por meio de celulares, computadores e muitos outros aparelhos conectados à Internet, como relógios e carros. 

E, com isso, é possível observar como esse acesso à inúmeras informações sobre todas as áreas da vida – por exemplo, finanças, política, esportes, religião, psicologia – influenciam nosso estilo de vida e, principalmente, nossa mentalidade e tomada de decisões, tanto positivas quanto negativas (influenciadas pelas crenças, valores, cultura e gestão emocional de cada um).

Para evitar o “Cativeiro Midiático” precisamos refletir sobre como e com qual finalidade estamos usando este influente recurso.

Usamos para promover o bem comum e o bem de nossos semelhantes? Ou estamos propagando a discórdia e a maldade? Se vivemos em um mundo com tantas oportunidades e conexão, por que as pessoas estão cada vez menos conectadas? Porque o nível de ansiedade e depressão cresce a cada dia? Por que vivemos tão estressados e sobrecarregados? 

A resposta destas questões diz muito sobre a saúde das nossas emoções.

Inteligência Emocional no “Digital X Real”

Para muitos, a vida parece não fazer sentido algum. Quase não conseguimos mais conversar olhando nos olhos das pessoas que mais amamos – nossos pais, filhos, cônjuges ou qualquer outra pessoa importante em nossas vidas – perdemos a capacidade de ouvir aqueles que estão ao nosso redor e compartilham da nossa convivência. 

Falamos e não somos ouvidos. Escutamos, mas não compreendemos. Parece que vivemos no mundo das nuvens e, nem assim, conseguimos nos aproximar mais do criador.

A inteligência emocional pode nos ajudar a esclarecer essas importantes questões humanas. Compreendê-la significa gerir melhor os recursos disponíveis, adotando uma nova perspectiva, onde aquilo que tem valor está em seu devido lugar e não soterrado abaixo de uma torrente de futilidades, ansiedade desmedida e distração contínua. Ela nos permite uma conexão profunda e verdadeira com o que é importante, como consequência, nos mostra um modo de viver muito mais tranquilo, inteligente e, até mesmo, mais produtivo

Uma visão da natureza humana que ignore o poder das emoções é lamentavelmente míope.

Daniel Goleman, ph. D.

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